Alice de Tim Burton

Antes que perguntem, não, não é a mesma história do livro de Lewis Carroll da Alice no país das maravilhas e nem o do Alice através do espelho. É inspirado no livro, Tim Burton só pegou os personagens e usando do mesmo contexto contou outra história (que por sinal ficou maraviwondeful), o que poderia até ser considerada uma continuação da história de Carroll.

O figurino do filme está absolutamente perfeito, bem como a fotografia e os efeitos. O 3D deixa tudo fantástico, mas justo com essa tecnologia tão inovadora eu cismei em achar falhas.

Desde quando fui assistir Avatar (de James Cameron) eu não gostei totalmente do 3D. É sim muito melhor assistir filmes nesse formato e até acho q a partir desse ponto quase todos – se não todos mesmo - deveriam ser gravados em 3D, porém acho que ainda falta um pouco mais em termos de qualidade para se tornar uma experiência totalmente inovadora como prometiam os produtores. Tanto em Avatar quanto em Alice eu achei que certas vezes as imagens ficavam turvas, e era justo na hora em que aparecia uma paisagem ou uma cena que com certeza era totalmente computadorizada, acabava que se perdia grande parte dos detalhes que numa tela normal seria muito mais nítido de se ver e apreciar a imagem. Em Avatar a legenda ficava mudando de lugar para se adaptar a cena e não atrapalhar, às vezes dava até a impressão que um personagem que vinha andando ia passar pela frente da legenda. Em Alice eu senti falta disso, amarela e apática a legenda ficou parada no centro da tela e não mostrou nem um pingo de interesse nesse tal de Treisdê.

Um ponto que foi bastante explorado em Alice e não em Avatar, foi que a todo instante, propositalmente, era arremessado algo na sua cara para te dar um susto e te fazer dar um pulinho na cadeira, sempre que podia alguém lhe chutava terra, lhe jogava xícaras, até mesmo se jogava sobre você. O melhor mesmo foi os efeitos de fumaça, névoa e do Gato risonho, voando, desaparecendo e aparecendo a todo o momento. Eram emocionantes as aparições dele.

Não há como não reparar no magnífico trabalho que Tim Burton fez com seu pupilo Johnny Depp. O próprio cartaz já vende a imagem do Chapeleiro Maluco, (poderíamos até mudar o nome do filme para “Chapeleiro Maluco no país das maravilhas”) e não é só a maquiagem e os efeitos que fazem as cenas em que ele aparece serem as mais esperadas, a atuação de Johnny Depp chega quase à perfeição. Sempre gostei dos filmes com o Depp, mas era inevitável o imaginar num papel que sempre estava ligado a alguém frio, perverso ou recluso, mas esse filme provou (pelo menos pra mim) que ele é sim um bom ator e que Burton consegue colocar-lo nos papeis mais inusitados.

O que é esperado pelos fãs de Tim Burton são no mínimo momentos sombrios e assustadores. O que nesse não há com muita freqüência. Ainda assistimos a típicos momentos sombrios que só Burton sabe fazer, como quando Alice deve atravessar um fosso pisando nas cabeças cortadas pela rainha má. Mas, apesar do extremo cuidado com cada cena e diferentemente do livro original, o filme da Disney não consegue agradar a todas as faixas etárias: é infantil demais. Isso não me incomodou por completo, mas é horrível ler por ai pessoas falando muito mal do filme tomando por base apenas esse motivo.

O filme se passa muito rápido, é o tipo de história que te prende e quando está ficando legal acaba. As duas horas de duração se passam voando e deixa a vontade de ter prestado mais atenção nos detalhes. O final é conciso e encerra bem o filme.

Ainda assim acho que Burton conseguiu envolver Alice no seu estilo de filmes, uma pena que tenha sido limitado pela Disney - pensando bem, se tivesse feito algo mais sombrio, iria estragar a infância de milhares de adultos que agora estariam frustrados e depressivos.